O Seminário Internacional de Educação Profissional Senai 2025 reuniu nesta quinta-feira (25.09), em Brasília, especialistas nacionais e internacionais para discutir como a transformação digital impacta a educação e o futuro do trabalho. Entre os destaques do encontro, esteve o painel “Tecnologia e Talento em sinergia: a nova dinâmica da educação profissional”, moderado pelo diretor regional do Senai Mato Grosso, Carlos Braguini.

Na abertura, Braguini reforçou que, embora o avanço tecnológico siga em ritmo exponencial, o desenvolvimento humano não acompanha a mesma velocidade. Ele destacou que, enquanto celulares e máquinas modernas concentram bilhões de linhas de código e recursos avançados, a maioria das pessoas utiliza apenas uma fração de seu potencial. “A qualificação e a requalificação passaram a ser questão de sobrevivência. O aprendizado ao longo da vida não é mais diferencial, mas condição essencial para indivíduos e empresas se manterem competitivos”, afirmou.

O diretor também ressaltou o papel de instituições como o Senai e da Educação Profissional para reduzir o gap entre a evolução tecnológica e a formação da força de trabalho. “As empresas são, cada vez mais, instituições de tecnologia e de educação. Toda interação humana é uma oportunidade de aprendizado, e sem a formação contínua não é possível sobreviver em um mercado que muda tão rápido”, completou.

Desafios globais

A especialista em educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Cláudia Pompa, chamou atenção para outro desafio estrutural: a desigualdade de acesso à educação básica. “Apesar de ser extremamente importante para a trilha da qualificação profissional, a educação ainda não é democratizada, principalmente no quesito igualdade”, destacou.

Com base em dados da Unesco, ela revelou que em 2025 havia 251 milhões de crianças fora das escolas e 763 milhões de adultos analfabetos no mundo. “Mesmo as crianças e jovens que estão na escola, o nível de aprendizado é baixo. Isso quer dizer que as crianças já estão saindo das escolas sem as habilidades básicas. De acordo com os dados, cerca de 262 milhões de jovens não têm educação profissional, o que representa risco social e econômico”, alertou.

Segundo Pompa, garantir educação técnica de qualidade é estratégico para preparar os estudantes para o mundo do trabalho e reduzir desigualdades.

Convergência de perspectivas

O painel ainda contou com a participação de representantes da China, da Índia e do secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Marcelo Bregagnoli, que apresentaram as políticas e experiências de seus países no campo da educação profissional.

O debate reforçou a importância da cooperação internacional para enfrentar desafios comuns e encontrar soluções que conectem tecnologia e talento humano. A presença do Senai Mato Grosso nesse cenário demonstra o protagonismo da instituição e sua contribuição direta para preparar trabalhadores e indústrias diante das transformações digitais.

Texto: Amanda Simeone (com informações do Senai Nacional)

Fotos: CNI