Com um potencial estimado em R$ 1 bilhão por ano, o mercado de biogás e biometano em Mato Grosso ainda é praticamente inexplorado. Para impulsionar esse segmento, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Instituto Senai de Tecnologia realizaram, nesta terça-feira (12.08), o 1º Workshop Biogás Day. O encontro reuniu especialistas, empresários e representantes da agroindústria para vivenciar uma imersão prática sobre como transformar resíduos e efluentes em energia limpa e competitiva.

A programação incluiu temas como fontes de produção de biogás, com foco nos resíduos das indústrias participantes, cenário nacional de biogás e biometano e a avaliação das melhores formas de aproveitamento energético. Também foram realizadas dinâmicas para pré-dimensionamento de projetos, estimativa de custos e modelagem técnica, com orientações sobre levantamento de dados e identificação de gargalos. No encerramento, as equipes apresentaram suas propostas, recebendo feedback técnico dos especialistas.

Segundo o Ricardo Müller, especialista convidado, a adoção do biogás e do biometano pode representar ganhos expressivos. “Temos casos fora de Mato Grosso em que o biogás impacta de 10% a 40% na lucratividade das empresas. Ao transformar resíduos em ativos energéticos, a indústria reduz custos com tratamento e aumenta sua competitividade”.

Para o diretor regional do Senai MT, Carlos Braguini, eventos como este reforçam o papel da instituição na transferência de tecnologia e inovação. “Costumo dizer que quase não existe problema para o qual não possamos apoiar uma solução. Nossos institutos estão focados em fazer inovação e encontrar respostas para desafios que, muitas vezes, sequer têm solução clara. Temos profissionais e infraestrutura para apoiar de forma impactante e relevante o desenvolvimento de Mato Grosso”.

A gerente de Tecnologia e Inovação, Naiara Galliani, destacou o caráter histórico da iniciativa. “Hoje é um grande marco na história do Instituto. Estamos falando de transição energética e, sobretudo, de inteligência humana aplicada para resolver problemas reais. Queremos concretizar ações que transformem resíduos em ativos energéticos e promovam mudanças efetivas na indústria mato-grossense”.

O gerente de HSQ da Nutribras, Jonas Anello, ressaltou que a empresa já utiliza biodigestão desde 2000, mas vê no biometano uma oportunidade estratégica. “Sempre transformamos o biogás em energia elétrica, mas enxergamos um grande potencial em convertê-lo em biometano como combustível veicular, especialmente para frotas e logística. A nossa expectativa é unir quem tem potencial de produção com quem tem potencial de consumo, criando redes de comercialização que tornem o biometano uma realidade em Mato Grosso”.

O representante da Uisa, Danilo Beraldi, apontou a distribuição como principal desafio. “Nosso maior desafio é a logística: em Nova Olímpia não temos gasoduto próximo, o que exige transporte terrestre e aumenta custos. Vemos aqui a oportunidade de criar, junto com o Senai, o governo e as empresas, um comitê que conecte produtores e consumidores, viabilizando a distribuição e tornando o biometano um negócio realmente sustentável”.

O workshop é uma construção de um ecossistema de inovação e negócios voltado para transformar Mato Grosso em referência nacional na produção de biogás e biometano, fortalecendo a transição energética e a competitividade da indústria.

Texto: Amanda Simeone