Os desafios são constantes na vida de João Carlos Figueira de Campos, que nasceu com glaucoma congênito e desde pequeno aprendeu a se adaptar a um mundo que não oferece muita acessibilidade, ainda tem muito preconceito e desinformação. Mas há alguns anos, João Carlos aprendeu a olhar o mundo com outros olhos: o das oportunidades.

Ele é um dos 42 alunos que iniciaram nesta quinta-feira (03.10) o curso de Aprendizagem Industrial em Gestão, promovido pela Energisa e executado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Mato Grosso (Senai MT). Esta é a primeira turma da Energisa exclusiva de pessoas com deficiência e para estas pessoas, está sendo uma oportunidade única, como para o próprio João.

“Hoje estou aqui, fazendo parte desse projeto e isso é muito importante para mim. A inclusão não é só uma questão de cumprir cotas, é bem mais do que isso. Inclusão é sobre aceitação, ajuda e suporte. É conquistar lugares onde nós nunca estivemos antes. Então é muito importante o que a Energisa e o Senai estão fazendo, porque isso vai gerar um fruto muito positivo na vida de todos que estão aqui”, disse João.

Para dar sua contribuição de como é trabalhar dentro da Energisa e se capacitar no Senai MT, Fabíola Barbosa de Macedo, contou um pouco de sua trajetória de vida. Sua primeira formação ocorreu no Senai MT, por meio do projeto “Pré-Emprego”, que ajudava estudantes do Ensino Médio a darem o primeiro passo na carreira, com cursos de qualificação profissional em diversas áreas.

Depois disso, ela nunca mais parou: fez curso de Assistente Administrativo, técnico em Alimentos e até um tecnólogo em Agroindústria. O mesmo ocorreu com os trabalhos. Teve seu primeiro emprego no Hospital Geral e depois dele, várias outras experiências marcaram seu currículo. Até que ela decidiu que queria se tornar uma colaboradora da Energisa.

“Meu objetivo maior era entrar na Energisa e hoje estou aqui, realizada, fazendo o que gosto no Departamento de Operações, atuando na equipe de Ressarcimento. Quero agradecer a Energisa pela oportunidade e ao Senai que faz parte da minha caminhada”, disse ela.

Ao se autodescrever, Fabíola falou de sua pequena estatura, de 95 centímetros. Mas isso nunca foi impeditivo para que ela sonhasse e buscasse o que há de melhor em sua vida. É mãe de dois filhos: Rafael e Julia. E para quem estava começando o curso hoje, ela deixou um recado importante: “Sabemos que não é fácil, têm vários obstáculos, mas o negócio é não se acomodar”, disse ela.

O curso

A formação é dividida em um aulas no Senai - durante 8 meses - e prática na empresa - mais 8 meses - tendo duração total de 16meses. Além disso, as aulas acontecerão no Senai Cuiabá, localizado no bairro Porto. Os 42 alunos se dividirão em duas turmas, que vão ocorrer nos períodos matutino e vespertino.

Além de terem acesso ao curso de forma gratuita, os alunos receberão remuneração mensal compatível com a jornada de estudos/trabalho durante o período de formação, terão também a carteira de trabalho assinada, não perderão o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e ainda tem a possibilidade de ao final do programa continuarem contratados pela empresa.

“O objetivo maior é preparar essas pessoas para o mercado de trabalho. A Energisa é uma empresa que tem essa preocupação social e essa visão de desenvolvimento das pessoas, para construir um time diferenciado”, disse o diretor-presidente da Energisa Mato Grosso, Marcelo Vinhaes.

A coordenadora de Responsabilidade Social e Inclusão do Senai MT, Denise Molina, disse que ainda há muito medo nas pessoas quando o assunto é inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Mas as pessoas com deficiência têm muito com o que contribuir para o sucesso das empresas.

“É imensurável a importância de a gente abrir a mente, porque ainda é considerado um tabu incluir as pessoas com deficiência. As pessoas ainda têm medo. E quando eles chegam nos postos de trabalho dá para se observar que todos têm habilidades especiais e têm possibilidade de contribuir”, disse Denise.

Texto: Julia Oviedo