O mês de setembro é conhecido como o mês de inclusão da pessoa com deficiência, uma vez que dia 21 de setembro é marcado pelo Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. Para alguns, pode parecer uma data como outra qualquer, mas só quem possui uma deficiência sabe das dificuldades encontradas diariamente.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Mato Grosso (Senai MT) busca capacitar, valorizar e incluir as pessoas com deficiência em seu quadro de colaboradores. Além de sensibilizar os outros colaboradores sobre a empatia, a gentileza e combate ao preconceito.

O Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso (Sistema Fiemt) possui cerca de 1.700 colaboradores, destes, 60 pessoas possuem algum tipo de deficiência. Uma dessas pessoas é a jovem de 20 anos, Maria Vitória da Silva Santos, que é cadeirante e atua como auxiliar administrativo na unidade do Senai Distrito.

Vitória, como é conhecida, entrou para o Senai em 2020, quando ficou sabendo da vaga de emprego divulgada pela Associação da Espinha Bífida de Mato Grosso, da qual ela participa.

Foi a oportunidade que faltava para que ela pudesse dar o start em sua vida profissional. Além disso, ela também se matriculou no curso superior de Gestão da Produção Industrial e já está no 4º semestre. Sonha em se tornar uma grande profissional. Mas procura enfrentar as dificuldades diárias – que não são poucas – de uma forma um pouco mais divertida.

“Todo dia tem uma dificuldade diferente, mas a gente enfrenta com um sorriso no rosto. Eu sempre indico o Senai para as pessoas que possuem deficiência, porque aqui os colegas apoiam a gente, nos ajudam e é um bom lugar para se trabalhar. Eu gosto muito de trabalhar aqui”, disse a jovem.

Assim como Vitória, Diana Lima Neves, que atua como assistente de Atendimento e Escrituração Escolar no Senai Porto, também é cadeirante e diariamente passa por desafios

para conseguir manter a frequência no serviço. Ela foi cortada do transporte do qual era oferecido e então teve que passar a contar com o transporte público comum.

Um de seus sonhos, inclusive, é alcançar a estabilidade financeira para comprar um carro adaptado para que ela não precise mais depender do transporte público. Mesmo diante das adversidades, ela atende ao público externo com simpatia e amor à profissão. Antes da oportunidade do Senai, Diana lidava com atendimento ao público, mas somente por telefone (telemarketing).

A oportunidade surgiu quando o Senai ofertou o curso de Aprendizagem Básica em Logística, que além de formar pessoas com deficiência, também deu oportunidades de emprego a muitas pessoas.

Quando perguntada qual conselho Diana daria para pessoas com deficiência que querem entrar no mercado de trabalho, ela foi taxativa: “O que eu diria é que: se você tem vontade de vencer, um sonho e quer conquistá-lo, vá atrás, se qualifique e atualize seu currículo para conseguir uma oportunidade de trabalho, e não permita nunca alguém dizer (quem quer que seja - familiar ou desconhecido) que você não vai conseguir sair de casa por ser portador de alguma deficiência”, disse.

Mais Possibilidades

Assim como o Senai absorve a força de trabalho de pessoas com deficiência para seu quadro de colaboradores, a instituição também tem o compromisso de formar estes profissionais para que sejam empregados em outras empresas, ou seja, tenham “mais possibilidades”.

O Mais Possibilidades, programa criado pelo Senai MT em 2023, foi pioneiro no país com a proposta de capacitar e incluir pessoas com deficiência nas indústrias de bioenergia, em uma parceria com a Superintendência Regional do Trabalho de Mato Grosso e as Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Bioind-MT).

Por meio do programa, mais de 300 pessoas já foram capacitadas, com a realização de 14 turmas, em 10 cidades de Mato Grosso e com a parceria de 13 indústrias associadas ao Bioind-MT.

E todo este trabalho é acompanhado de perto pela coordenadora de Inclusão e Responsabilidade Social do Senai MT, Denise Molina. Denise atua diretamente no programa nas etapas de divulgação das oportunidades, realização de oficinas para mobilizar o público-alvo, mas também em uma etapa considerada fundamental: que é preparar as empresas para receberem este profissional.

“A etapa de sensibilização nas empresas é imprescindível para preparar o ambiente para receber os novos talentos. Com essa ação, conseguimos evidenciar para os colaboradores sem deficiências as especificidades de cada pessoa com deficiência. Passamos informações sobre como se portar, como receber e como de fato podemos incluir essas pessoas”, explicou Denise.

Lei de cotas

Instituída em 1991, a Lei de Cotas (Lei 8.213/1991) prevê a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A lei estabelece que empresas com mais de 100 colaboradores devem contratar tanto pessoas com deficiência, quanto reabilitados do INSS. O percentual de vagas pode variar de 2% a 5%, dependendo do número de colaboradores.

Texto: Julia Oviedo